ATA DA QUARTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-12-2004.

 


Aos vinte e nove dias do mês de dezembro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dez horas e cinqüenta e seis minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino Besson, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mário Fraga, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Professor Garcia, Renato Guimarães e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Clênia Maranhão, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 067/04, discutido pelo Vereador Renato Guimarães, e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 011/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Luiz Braz, Guilherme Barbosa, Renato Guimarães e Gerson Almeida. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol cumprimentou os Vereadores que integram a Décima Terceira Legislatura, afirmando que o trabalho realizado por Suas Excelências foi marcado pela responsabilidade e competência na busca de melhorias para a Cidade. Finalizando, homenageou a Vereadora Margarete Moraes, Presidenta desta Câmara no corrente ano, e apoiou o nome do Vereador Elói Guimarães para Presidente da Casa no ano de dois mil e cinco. O Vereador Sebastião Melo louvou a gestão da Vereadora Margarete Moraes como Presidenta desta Casa. Igualmente, expressou seu orgulho por integrar a Câmara Municipal de Porto Alegre, asseverando que os quatro anos em que atuou como Vereador representaram um período de constante aprendizado e de convivência harmoniosa com todos os Parlamentares, com debates acalorados, mas embasados no clima de diálogo e respeito exigido de um Parlamento realmente democrático. A Vereadora Sofia Cavedon avaliou o período em que o Partido dos Trabalhadores esteve à frente do Governo Municipal, declarando que a linha política seguida por esse Partido foi pautada pelo respeito às opções da comunidade, manifestadas, especialmente, por meio do Programa de Orçamento Participativo. Também, teceu considerações acerca do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 011/043 e do Projeto de Lei do Executivo nº 067/04, que integram a presente convocação extraordinária. O Vereador Luiz Braz ratificou saudações à Vereadora Margarete Moraes, hoje efetuadas pelos Senhores Vereadores, pelo trabalho de Sua Excelência como Presidenta desta Câmara Municipal. Ainda, questionou a administração do Partido dos Trabalhadores junto ao Governo Municipal, citando problemas encontrados no Centro de Porto Alegre e salientando esperar que esse bairro receba maior atenção após a posse do próximo Prefeito Municipal, em janeiro de dois mil e cinco. Às onze horas e cinqüenta e nove minutos, nada mais havendo a tratar, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a reunião conjunta de Comissões Permanentes, a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Vereadores presentes.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Havendo quórum, passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 5915/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 067/04, que cria, na Administração Centralizada, Secretaria Municipal de Gestão Estratégica, Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local, Gabinete de Programação Orçamentária, Gabinete de Captação de Recursos e Investimentos e Gabinete de Acessibilidade e Inclusão Social e extingue a Secretaria de Governo Municipal, a Secretaria Extraordinária de Capatação de Recursos e Cooperação Internacional, Gabinete de Plenejamento, Gabinete de Relações com a Comunidade, Gabinete de Relações Públicas, Gabinete de Imprensa, Gabinete de Comunicação Social e dá outras providências.

 

PROC. N.º 5916/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 011/04, que autoriza a celebração de transação, nos termos do art. 171 combinado com o art. 156, inciso III do Código Tributário Nacional, bem como a dação em pagamento em bens imóveis para a extinção de créditos tributários, na forma do art. 156, inciso XI do CTN.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, agora as coisas correm muito apressadamente na convocação extraordinária, mas eu quero voltar a analisar essa dação em pagamento de áreas para que sejam regularizadas dívidas de IPTU. Eu havia dito no meu pronunciamento anterior que todas as empresas que entraram na Justiça ganharam da Prefeitura, porque os lançamentos desta eram feitos de forma equivocada e ninguém perdeu, nem a Máquinas Condor perdeu para Prefeitura, mas há ainda ações pendentes, e é interessante que se liquide o problema. Eu gostei de ver, porque várias vezes eu vim a esta tribuna dizendo que os lançamentos eram equivocados. Neste ano, a previsão orçamentária era de 145 milhões de reais, mas os lançamentos da Prefeitura são muito superiores a 200 milhões de reais, só que a Prefeitura sabe que, na área do territorial, ela perde, por isso ela não coloca o lançamento que fez de mais de 200 milhões em guias de IPTU, e mais seis ou sete lançamentos adicionais, ao longo do ano, que ultrapassam, em muito; chegam a 250 milhões de reais. A Prefeitura sabe que não recebe, mas vai lançando, depois vai à Justiça e perde.

E aqui o Prefeito declara que, a partir de 1991, a empresa Condor Empreendimentos Imobiliários tem ingressado em juízo, anualmente, requerendo a nulidade do lançamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana de seus diversos imóveis, alegando que o valor venal estabelecido pela Municipalidade não corresponde ao de mercado. Em todas as ações com trânsito em julgado, o Judiciário tem determinado ao Município que proceda à readequação do valor venal dos imóveis na forma estabelecida pelo perito do Juiz. Por esse motivo, o Município propõe a renegociação da dívida tributária com a referida empresa, com o propósito de incrementar a arrecadação para o ano de 2005. Eu acho que aqui o Prefeito não falou integralmente, não falou tudo, e, na realidade, as alíquotas eram progressivas de 2% a 6%, e até há pouco tempo não era permitida a alíquota progressiva, e a Prefeitura continuava fazendo, apesar de alertada, e por isso todas as ações, todas as que ingressaram em juízo ganhavam da Prefeitura. E é por isso que a Prefeitura faz um lançamento de mais de 200 milhões de reais e manda uma previsão de arrecadação de 145 milhões.

A Prefeitura lançava sabendo que não ia arrecadar, assim como ela faz na proposta orçamentária, nas Receitas de Capital, e nunca, nunca, nos 16 anos, realizou aquela previsão de Receita de Capital. Portanto, fica muito difícil entender os desígnios da Prefeitura. Hoje mesmo eu ouvia na Rádio Guaíba o Secretário da Fazenda dizendo que, na verdade, a inadimplência do IPTU se dava no imposto territorial. Por que isso se dá lá? São empresas que têm grandes áreas, que têm corpo jurídico e têm um advogado à disposição; não vão perder para a Prefeitura, que tem 80 Procuradores, é verdade, alguns muito bons, outros não tão bons, mas nem todos podendo atender a todas as necessidades da Prefeitura, pelo visto. No meu tempo de Prefeito, eu tinha 8 Procuradores e as coisas funcionavam bem. Eu nunca recebi uma ação, como Prefeito, reclamando contra o IPTU lançado. Agora a Prefeitura, ao fim dos 16 anos, se dá conta de que lançava valores de forma equivocada, de forma não-correta e agora tem de fazer acerto de contas, o que eu acho que é uma coisa muito boa, como fez com a Viação Férrea, nesse terreno em que ela pretendeu colocar a Vila dos Papeleiros, mas como o Projeto não foi aprovado aqui, os índices não foram defendidos aqui no Projeto que o Prefeito mandou, acho que a Vila dos Papeleiros não vai ocorrer onde o Prefeito tanto desejou, dizendo até que lá era a Entrada da Cidade. Mas não é não! Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, continuo, ainda, discutindo este Projeto que autoriza a celebração de transação entre o proprietário dos imóveis, relacionados neste anexo, da Máquinas Condor, com o Município de Porto Alegre.

Veja bem Ver. Carlos Pestana, até o ano 2000, o Município de Porto Alegre não receberia, na verdade, nenhum tostão da Máquinas Condor por burrice da área Fazendária do Município. Burrice! Sabia que não poderia cobrar o imposto progressivo, e fazia discursos demagógicos neste plenário, dizendo que iria fazer com que os mais ricos pagassem mais e os mais pobres pagassem menos. E o que aconteceu? Os mais ricos não pagaram nada, Ver. Sebastião! Os mais ricos não pagaram nada! Quem pagou imposto? Apenas os mais pobres. E os mais pobres, Ver. Sebastião, não puderam cobrar nada. E a Máquinas Condor, como é rica, poderosa, pode obrigar o Município a fazer essa transação. O Município não está fazendo isso de graça, não! O Município perdeu a ação na Justiça, e, por isso, está sendo obrigado a fazer essa transação. Ver. Sebastião Melo, V. Exª tinha colocado uma preocupação, e essa preocupação não tem razão de ser. O Ver. Sebastião Melo disse que uma das suas dificuldades, Ver. Pujol, era que os imóveis estivessem desocupados, e aqui, um cuidado que é tomado quando se faz o Projeto, é exatamente nesse sentido, de que os imóveis que serão dados estarão desocupados. Mas se até o ano 2000 não se podia estabelecer o imposto progressivo, depois, com a Emenda Constitucional houve a possibilidade, mas, assim mesmo, como era uma Emenda à Constituição e estava se mexendo em uma cláusula pétrea, porque estava-se mexendo em direito que já tinha sido garantido para o proprietário, então tivemos novas ADIns no Supremo Tribunal Federal discutindo essa impossibilidade de se fazer as emendas da forma como estavam sendo feitas. Por isso mesmo, aqueles que eram ricos continuaram não pagando imposto para o Município e o Município continuou não recebendo imposto. Ora, essa transação aqui, Ver. Guilherme Barbosa, poderia ter sido feita, esse acordo poderia ter sido feito, há muito tempo. Há muito tempo o Município já poderia estar recebendo. Não precisava esperar a decisão final da Justiça para poder mandar para cá o Projeto de Lei. Podia ter acordado com os empresários bem antes e, de repente o Município estaria recebendo uma quantia de recursos bem antes, também, favorecendo para que obras que não puderam ser realizadas fossem realizadas.

Então, acho que, infelizmente, o Município agiu muito mal com relação a esse imposto, ao IPTU, principalmente quando fazia aquele discurso de que ia beneficiar os mais pobres e queria cobrar mais dos mais ricos.

Olha, tem que haver um reconhecimento, e eu espero que alguém, uma mente iluminada, Ver. Gerson Almeida, Ver. Guilherme, Ver. Maria, venha aqui e reconheça que não favoreceram pobres coisíssima nenhuma, porque quem pagou esse imposto foram apenas os pobres. Os ricos, estes, vão pagar desta forma aqui, que é claro, nós não temos outro jeito a não ser aprovar, porque se não aprovarmos não vão pagar de jeito nenhum. Mas como está na Justiça, então o Município é obrigado a fazer este acordo com os mais ricos, para que eles paguem de uma forma diferenciada. Os mais pobres já pagaram e pagaram de acordo com aquilo que o Município quis, quer dizer: um imposto acima do valor normal.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, colegas Vereadoras, Vereadores e demais pessoas que nos acompanham, continuamos o bom debate sobre, na verdade, política tributária e é bem diferente do que disse o Ver. Luiz Braz, porque por essa política que nós cunhamos uma frase simples no começo das nossas administrações, nós achamos que quem tem mais deve pagar mais e quem tem menos deve pagar menos, porque através de uma política tributária se deve, também, fazer uma justiça social. Na verdade alguns ricos não pagaram, porque abriram uma disputa judicial, mas também é verdade - essa é a parte em que V. Exª não tem razão, Ver. Luiz Braz - que os menos aquinhoados da nossa Cidade, sim, passaram a pagar menos IPTU, quando pagaram, do que pagavam antes, porque nós estabelecemos uma regra de que os ricos da Cidade deveriam pagar mais e os pobres pagar menos, e estes sim pagaram menos, quando pagavam, porque havia também uma série “A”, ainda uma série de isenções para as pessoas de baixíssima renda.

Bom, e nós não temos motivo para não reconhecermos que estivéssemos errados; havia sim uma avaliação da nossa Procuradoria, a PGM, que é de grande qualidade. Se nós pegarmos todos os processos em que a Procuradoria do Município defende o Município, veremos que é um percentual muito baixo em que a nossa Procuradoria tem perdido, porque tem um quadro de muita qualidade. Ela tinha uma visão, a PGM, de que, sim, já havia uma redação na nossa Legislação Federal que permitia a cobrança progressiva de imposto. É verdade que, posteriormente, a Justiça não concordou com isso. E só nesses termos, e depois de fazer o último recurso possível, e de fato perder, é que nós encaminhamos essa negociação. Mas nós não reconhecemos o erro, não é porque a gente não erre, todo mundo erra, não nasceu ainda quem não erre, mas é porque nós temos convicção da Justiça, da forma de cobrança, e que já havia base legal para fazê-la, e fomos à disputa até o fim. Não deu? Não deu. A Justiça teve outra visão, muito bem. Vamos, então, fazer um acordo. Aliás, é importante que isso seja registrado, também, para a nossa Cidade, que mesmo tendo essa disputa, essa demanda judicial, dura e longa, com os empresários da Máquinas Condor, nós nunca deixamos de - em outros aspectos - negociar com esses empresários, que sempre, também, estiveram abertos à negociação com a Prefeitura.

Cito o caso recente do Parque Germânia, em que há um acerto entre o Executivo Municipal, os empresários da Goldzstein e da própria empresa Condor, que aquele empreendimento junta a área da Condor com a construção da Goldzstein. Portanto, é uma marca da nossa administração, disputando quando achava que devia disputar, mas sempre aberta ao diálogo. Então, este Projeto é importante para a Cidade. É uma área valiosíssima que passa para o Município, que o Prefeito futuro, José Fogaça, pode sim, criar, Ver. João Antonio Dib, sei que V. Exª não vai concordar, é uma diferença entre nós, mas pode ter ali um belíssimo conjunto residencial popular para resolver o problema da região do Partenon, ou quem sabe, da Av. Antônio de Carvalho, e tudo mais.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, é de observar que a avaliação do metro quadrado dessas áreas, que serão entregues ao Município variam entre R$ 14,00 o metro quadrado e R$ 50,00 o metro quadrado, quando tem frente para a Av. Bento Gonçalves; é R$ 50,00 o metro quadrado.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Muito bem, mas de qualquer forma, acho que é importante para o Município essa negociação, enfim, a partir dessa decisão judicial que se resolva toda uma pendenga que existe.

Por último, quero dizer, Ver. Luiz Braz, quando nós achamos que a questão tributária tem que pensar na população como um todo, veja que aquilo que dizíamos através da frase: “quem tem mais, deve pagar mais; quem tem menos, paga menos” é muito diferente do que aquilo que aconteceu ontem na Assembléia. O Governo do Estado penalizou todo mundo, de cima a baixo, não livrando ninguém, diferente daquilo que nós praticamos no Município. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu queria, em primeiro lugar, deixar o registro, aqui no nosso Legislativo, de que o fato de a Administração Popular estar cumprindo uma ordem judicial, estar encaminhando para cá um Projeto para renegociar, repactuar o pagamento de impostos, Ver. Luiz Braz, não separa o debate de mérito sobre a ocupação do solo urbano, porque os Vereadores que estão aqui intervindo, parece que intervêm, desconsiderando que o debate do IPTU progressivo é feito a partir de uma premissa de que os grandes proprietários de terra do Município, se a Municipalidade não tiver estrutura para cobrar desses grandes proprietários a utilização do solo urbano, esse solo vira moeda de especulação.

Portanto, o debate de mérito do IPTU progressivo, que a Justiça deu ganho de causa para o proprietário da terra, não está suplantado a partir dessa decisão judicial, porque nós, legisladores, e a sociedade, temos de continuar fazendo o debate do mérito sobre quais são as ferramentas que cobram a utilização e a função social do solo urbano. Do contrário, a partir da votação desse Projeto, a gente passa a aceitar, de forma tranqüila, passional, que o IPTU progressivo seja um problema. Ele não é um problema; ele é uma ferramenta importante usada em muitos lugares para que a Municipalidade tenha uma intervenção, fazendo com que os grandes proprietários de terra nos municípios dêem destinação, dêem função social para as suas áreas.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Renato, todas as leis tributárias estão descritas na Constituição, a partir do art. 145. Se ela não estiver prevista na Constituição, ela não pode ser utilizada como ferramenta, é uma ferramenta que não existe. O que aconteceu é que, até o ano de 2000, o Município utilizou essa ferramenta sem ter a possibilidade de utilizá-la.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: É o respaldo da legislação. Mas nós temos o Estatuto da Cidade, nós temos o Estatuto da Terra, e outras ferramentas que vieram no processo para fazer esse debate. Eu estou fazendo esse registro, porque não pode passar batido aqui o debate de que o IPTU progressivo, Verª Sofia, foi, é e será uma ferramenta importante para fazer o debate sobre a utilização do solo urbano. Nós não podemos deixar de apontar essa questão. Do contrário, passa aqui que a verdade está com aqueles que não querem pagar ou não querem dar a destinação correta para o solo urbano.

Eu também queria deixar aqui esse registro, pois não tive condições, pelo envio quase que urgentíssimo do Projeto que reorganiza um conjunto de órgãos municipais. Parece-me que esse tipo de debate que muda, que reorganiza a estrutura funcional da Prefeitura, deveria ser um processo, deveria contar com um amadurecimento e uma discussão mais profunda do Legislativo Municipal. Eu já vi, Verª Helena Bonumá, em outras circunstâncias nesta Casa, a simples mudança, a simples criação de uma função gratificada, ser debate de duas ou três Sessões. E, hoje, me parece que está passando batido uma reorganização funcional da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Quero também deixar o registro de que esse Projeto que extingue órgãos e cria outros é algo que o Legislativo Municipal tem de debater, tem de olhar com atenção, porque não se está tratando aqui apenas de aprovar a idéia de um novo governante. Está-se tratando, aqui, de uma estrutura municipal que serve ao cidadão da cidade. Portanto, ela pode, na sua reorganização, estar mais próxima do cidadão como ela pode, na sua reorganização, se afastar do cidadão. Parece-me que a proposta apresentada aqui reorganiza os órgãos de forma burocrática, afastando-se do conjunto das relações com a sociedade; exemplo disso é a extinção da coordenação de relações com a comunidade, que passa, a partir dessa proposta, a não existir mais. Portanto acho que o Legislativo Municipal tem que ter a preocupação de poder estar discutindo isso.

Finalizo, Verª Margarete Moraes, fazendo o registro, também em nome de nossa Bancada, de que o discurso é uma coisa e a prática é outra, pois o que se viu na Assembléia Legislativa, ontem, é que se fez um discurso, mas na realidade, na hora H, a prática encaminhada pelo Governador Rigotto, foi outra: a prática de, sim, aumentar impostos e penalizar a população do Rio Grande do Sul.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, acho que é relevante que se debata esse tema, especialmente na penúltima Sessão do ano, posto que temos duas Sessões Extraordinárias, primeiro porque é importante para a Cidade, pois diz respeito a uma questão extremamente relevante não só para o Governo que sai ou para o Governo que entra, mas para os Governos e para a Cidade de modo geral: a boa condução das finanças públicas. É evidente que guardo aqui uma idéia ou projetos, talvez, que compreendam de forma diferente de como administrar as finanças públicas, porque o Governo da Frente Popular confia que a política tributária que tem implementado é uma política justa socialmente, baseada na simples idéia de que quem pode mais, paga mais; quem pode menos, paga menos. É por isso que o IPTU é organizado em três áreas tributárias: as áreas tributárias que tem maiores serviços e maior infra-estrutura, que pagam um percentual um pouco superior; a segunda área com menos serviços e menor infra-estrutura paga um pouco menos, e a terceira área paga menos ainda, assim como os vazios urbanos.

Nessa Lei que origina esse acordo com a Máquinas Condor, também aprovado pela Câmara de Vereadores, implementamos uma política que era chamado de IPTU progressivo no tempo, para as áreas de vazios urbanos em que não estivessem tramitando projetos de edificação, de construção, de urbanização. Qual era o objetivo central dessa lei? Era exatamente o de fazer com que alguns setores que têm muito estoque de terras não as utilizassem como reserva de valor, beneficiando-se fortemente de todo conjunto de obras e serviços, feitos pela Municipalidade de um modo geral, portanto, feito com o dinheiro do contribuinte, e acabassem usando seus estoques de terras apenas como reserva de valor, sem nenhuma função social, apenas uma função econômica de acumular recursos para os proprietários privados daquilo que era resultado de uma ação social, de uma ação de obras e serviços que valorizavam terras, que era um esforço coletivo. Então, fizemos essa lei.

No entanto, como ainda as normas brasileiras têm uma “vaca sagrada”, que é a propriedade privada, e a função social prevista no Estatuto da Cidade e no Estatuto da Terra ainda tem muita dificuldade de ser regulamentada efetivamente, assim como a função social da terra, com vistas à Reforma Agrária, também tem uma extraordinária dificuldade de sair da letra genérica da lei, para se transformar em política efetiva, o que acontece? Muitos dos proprietários desses vazios urbanos entraram na Justiça contra o Município, e a verdade é que ganharam, estão ganhando essas ações, que é o caso concreto da Máquinas Condor, a maior proprietária imobiliária do Município de Porto Alegre, com a qual a Prefeitura, ao longo desses 16 anos, enfrentou disputas muito sérias, pois nós entendíamos, e entendemos, que devem pagar mais impostos sobre as extraordinárias áreas que têm na Cidade, que estão sendo muito valorizadas com os investimentos feitos com os recursos de toda Municipalidade.

Pois bem, esse projeto não é resultado de uma convicção política do Município de que nós deveríamos voltar atrás, de que estávamos errados, no que diz respeito a fazer uma política que estimulasse a construção nesses vazios urbanos com vistas a que aquelas áreas cumprissem o seu papel social, seja para habitação de baixa renda, ou seja para a urbanização propriamente dita desses terrenos.

Portanto, não se trata aqui da opinião de estarmos errados e de, agora, estarmos corrigindo um erro. A verdade é que houve uma disputa judicial e que a Justiça – apesar de termos uma opinião contrária – encaminhou que aquele valor venal, que nós estávamos ampliando gradativamente ao tempo, não poderia ser cobrado. Eu entendo que está corretíssimo temos de nos adequar à Lei, e entendo que para a base do Governo, que vai assumir nos próximos dias, essa é uma questão muito importante, porque ao longo dos últimos anos, com intensos e grandes investimentos públicos decididos pela população da Cidade, que destaca Porto Alegre em termos de investimentos, a verdade é que apesar de tudo isso não houve nenhuma correção no valor venal dos imóveis na Cidade. A maioria dos Vereadores desta Câmara de Vereadores, nestes anos, tem evitado fazer esse debate ou tem-se contraposto a esse debate. Eu tenho a impressão de que as políticas fáceis acabam voltando-se contra quem as pratica, como vimos ontem no Projeto da Assembléia Legislativa, aquele discurso fácil de não se aumentar impostos e ser contra qualquer tipo de aumento, transformando isso num dogma indiscutível que a base de sustentação do Governo Rigotto fez ao longo dos quatro anos do Governo Olívio, rejeitando uma proposta séria de garantir com um aumento de apenas 1% em algumas áreas e diminuindo em 50% outras áreas da cesta básica popular; impediram isso e agora tiveram de defender o maior tarifaço da história do Parlamento gaúcho. Um tarifaço!

O Governo Rigotto deu mais de um bilhão de isenção fiscal para os grandes grupos e reclama, agora, que não tem dinheiro. Na verdade, ele deu isenção fiscal e continua dando para os grandes grupos, só que agora cobra a conta da falência fiscal do Estado dos pequenos. Todo mundo que paga a luz, usa telefone e tudo o mais, vai ter de pagar a grande isenção dada para os grandes. E mais, houve o sucateamento do setor de arrecadação do Estado. Basta conversar com qualquer fiscal para saber o quanto está sendo sucateada a capacidade, ou seja, os empresários ganham em duas grandes pontas: pela isenção de investimentos e pela não-cobrança do imposto devido, fazendo com que toda essa conta caia sobre a população.

E, por último, para concluir, tem sido muito falado no Governo Lula, mas vejam, o Governador Rigotto foi o Relator da Lei Kandir, que, pasmem, terminava em 2002, foi estendida pelo Governo Lula por mais dois anos. Não só a estendeu, como também está ampliando os repasses - o Governo Lula está sendo um Papai-Noel para o Governo Rigotto! Agora, o Governo Rigotto, que não reconhece nenhum desses avanços e, na verdade, não faz mais do que debitar ao Governo Federal a extraordinária dificuldade de gestão por que passa, demonstrando, no final das contas, a sua falta de criatividade que acaba fazendo com que a população pobre pague duplamente.

Então, esse Projeto é importante porque demonstra a responsabilidade fiscal da Administração Popular em relação às finanças do Município. A base política do próximo Governo deveria, efetivamente, discutir com muito detalhe, porque está recebendo uma Prefeitura saneada, equilibrada e nós devemos manter isso com responsabilidade. Eu agradeço à Presidenta pela tolerância do tempo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Encerrado o período de discussão preliminar de Pauta.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu cheguei a estar inscrito em Pauta, mas desisti na expectativa de que pudéssemos já estar nesta hora examinando, na reunião das Comissões Conjuntas, os Pareceres de matérias com a expectativa de serem votadas ainda no dia de hoje. Na verdade, a nossa Convocação Extraordinária inclui, no dia de amanhã, e tem ainda dois Projetos enviados pelo Executivo e alguns outros de autoria de Vereadores que não foram apreciados na nossa última Sessão Legislativa, no período regulamentar, e havia uma concordância explícita das Lideranças de que os mesmos seriam integrados a uma convocação extraordinária na hipótese de ela vir a se realizar.

Aliás, quero cumprimentar V. Exª, Verª Margarete Moraes, por essa sensibilidade. Esse exemplo magnífico que a Câmara Municipal de Porto Alegre está dando para todo o País, nós estamos reunidos aqui a dois dias do término do nosso mandato e estamos aqui tranqüilos, com um quórum bem elevado, 27 Vereadores que, responsavelmente, atenderam ao chamado da Presidência e estão aqui para deliberar sobre essas matérias, não só aquelas de interesse do Executivo e da Cidade, mas também aquelas que foram fruto do trabalho de Vereadores que ficaram aqui, durante este período legislativo, propondo projetos da melhor qualidade, como é, por exemplo, o Projeto que o Ver. Beto Moesch apresentou e que será objeto da nossa análise e da nossa decisão, e que, indiscutivelmente, é fruto da sensibilidade desse jovem parlamentar que, agora, irá transferir-se para a área do Executivo, onde, com toda a certeza, irá demonstrar as suas qualidades como demonstrou como Vereador. Então, eu sinto muito orgulho de ter participado deste período legislativo, desta Legislatura, porque, Ver. Luiz Braz, Vereadores que estiveram aqui durante quatro anos, foram reconduzidos pelo voto. Então, isso é uma prova, Verª Margarete Moraes, V. Exª que quebrou paradigmas, à medida que transformou-se na primeira mulher a presidir esta Casa, muito provavelmente pelo seu trabalho, pela forma equilibrada como conduz as Sessões aqui na Casa e comanda o processo legislativo em geral, V. Exª está presidindo uma Casa de homens e mulheres de grande responsabilidade pública e que estão dando essa demonstração prática.

Vereador Elói Guimarães, eu almejo – já disse isso publicamente – que eu possa, no dia 1º de janeiro, votar em V. Exª para ser o Presidente da Casa. E digo que V. Exª vai ter uma nova equipe com a qual irá se entender, onde predominam as pessoas que estão já experimentadas no tempo. Teremos uma perda temporária de alguns dos nossos valores maiores; o Ver. Cassiá Carpes não estará aqui nesta Casa no ano vindouro, pois assumirá como Secretário Municipal de Obras e Viação; o Ver. Isaac Ainhorn, que é um combativo, estará como Secretário do Planejamento; o Ver. Beto Moesch, na Secretaria do Meio Ambiente. Mas o que eu quero ressaltar, em Comunicação de Líder, é esse espírito de responsabilidade da Casa, especialmente a ação dos Vereadores, dos seus componentes que, propondo projetos, discutindo, alguns com um grau de polemicidade, fizeram com que nós tivéssemos, neste período legislativo, um dos momentos mais fortes desta Casa. Este ano, em que pesem as eleições, na Comissão de Justiça, nós enfrentamos mais 400 projetos, o que demonstra que até no derradeiro momento ainda se estava procurando construir pontes, encontrar soluções, resolver impasses, como o que nós estamos tentando resolver, com um clareamento maior e melhor em relação à Lei hoje vigorante que diz respeito ao ordenamento das ocupações para fins comerciais de supermercados na cidade de Porto Alegre.

Também num derradeiro momento da Legislatura passada, fizemos uma Lei que, quando da sua aplicação, está sendo mal-interpretada; cabe, então, uma correção; há uma negociação nesse sentido. Assim nós teremos, ao término de nossa ação legislativa, no apagar das luzes, demonstrado que o Vereador de Porto Alegre é responsável, que trabalha no recesso, que trabalha em qualquer momento e que propõe soluções para a Cidade, que, se não forem as melhores, são certamente aquelas que a sua sensibilidade indicou.

Obrigado, Srª Presidente, e meus cumprimentos, porque V. Exª presidiu esta Casa neste momento de grande afirmação do Legislativo de Porto Alegre.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço as palavras do Ver. Reginaldo Pujol e considero que é uma obrigação nossa levar ao fim e ao cabo todos os Projetos que foram acertados naquela última Sessão Ordinária desta Casa.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; meus colegas Vereadores e minhas colegas Vereadoras, eu sei que não é um discurso de despedida, porque a caminhada continua, mas eu quero aqui, nesta Sessão Extraordinária, dizer que V. Exª tem sido uma grande Presidenta, tem conduzido esta Casa com muita firmeza, com muita determinação, com muita pluralidade. Eu afirmo isso sobre alguém que lidera uma Bancada, que divide a responsabilidade em reuniões de Mesa e, se hoje nós temos um Regimento, Ver. João Dib - que começou lá na gestão de V. Exª e lembro-me do esforço que V. Exª fez, mas já no final da gestão -, a gente conseguiu nesta gestão liderada pela Presidenta. Acho que, se não é o melhor, ele avançou em muitas coisas. Muitas vezes, Presidenta, nós, por seu chamamento, fomos à Presidência para tentar aquilo que, acho, toda a Casa Legislativa tem de tentar, que é uma composição para votar aqui neste Plenário, fruto de acordos de Liderança com a Presidência da Casa.

Quero ainda dizer que, acertadamente, esta Casa, desde 1989, pode, Ver. Gerson, ser convocada todos os dias no seu recesso sem um centavo a mais de despesa para os cofres da Municipalidade. Então, acertadamente, está convocada esta Casa para discutir projetos do Executivo, porque, vejam, a transição está ocorrendo civilizadamente; o Prefeito que foi eleito, Ver. Cassiá, foi lá, pediu que o Prefeito atual remetesse um projeto de reestruturação - quem assume tem o direito de fazer os seus encaminhamentos. Então, veja, nós estamos vivendo uma democracia afirmativa, pois os governos passam, mas o Poder Público continua. Então acertadamente a Câmara está convocada.

Eu queria me dirigir, agora, especialmente, aos meus amigos da Bancada do PT. Quero dizer, meus colegas Vereadores, que eu aprendi muito nesses quatro anos. A gente aprende caminhando; com certeza, eu cometi alguns equívocos - só não os comete quem não tem posições, quem não avança, quem não tem vontade de acertar -, mas acho que a gente estabeleceu, Helena, uma relação muito respeitosa. Desta tribuna, Maria Celeste, ninguém nunca ouviu uma ofensa pessoal minha a qualquer Vereador, muito menos à Bancada do PT. Travamos bons debates, grandes debates, extraordinários debates; acho que nós nos qualificamos tanto do lado de cá quanto do lado de lá.

Especialmente aos amigos que nos deixam quero dizer que eu mais perdi eleição do que ganhei. Graças a Deus, ganhei a de 2000 e esta, mas perdi muito lá atrás. Houve momento em que fui o décimo nono mais votado desta Casa, em 1996 - fiz quase seis mil votos -, e não fui Vereador. Eu acho que perde esta Casa, perdendo o Guilherme; Porto Alegre perde o Gerson; do ponto de vista daqui, perdemos a Helena. Mas vocês são militantes, e não será pelo fato de serem Vereadores ou não que vocês vão deixar de continuar militando. A esta Cidade vocês tanto têm dado contribuições, e vão continuar dando extraordinárias contribuições, sem ter mandato, essa é a verdade! O mandato é transitório, a luta é permanente! Eu queria deixar um abraço muito fraterno a vocês e desejar que vocês continuem firmes nas suas posições. A gente vai estar na luta pela Cidade. Muitas vezes vamos estar-nos encontrando na caminhada, seja aqui no Parlamento ou muito mais fora dele, mas quero dizer que recolhi lições da Bancada de vocês. Sempre votei as coisas do Governo quando tive de votar, sem nenhuma barganha, sem nenhum tipo de relação que não fosse aquela do convencimento.

Então, portanto, eu queria deixar à Presidenta, que dirige, que continuará nos dirigindo até o próximo sábado, e a todos os meus colegas Vereadores, indistintamente de Partido - e pedir, inclusive, escusas se ocorreu alguma altercação, em determinado momento, mas especialmente à Bancada do PT -, o meu carinho, o meu abraço, a minha saudação, e dizer que a caminhada e a luta continuam. Muito obrigado, Presidenta. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Verª Margarete Moraes, Presidenta desta Casa, caros Vereadores e Vereadoras, agradeço à minha Bancada por falar, neste momento, pela Liderança, e quero fazer, aqui, alguns registros que cabem na última semana do ano de 2004.

Em primeiro lugar, hoje, em Sessão Extraordinária, os projetos que avaliamos têm dois sentidos fundamentais; os Projetos do Executivo demonstram, mais uma vez, que a Frente Popular, nesses 16 anos, não governou para si, não governou pensando numa eleição, mas governou para a Cidade. Enfrentando problemas, muitas vezes não agradáveis, buscando equilibrar o Orçamento, desagradando a alguns, enfrentando situações que poderiam não ser rentáveis eleitoralmente - como a situação dos funcionários e da Previdência. Entrega, portanto, votando mais esse Projeto da Condor, uma Cidade ao novo Governo com um Orçamento equilibrado, com as medidas que foram necessárias para equilibrá-las, tomadas com uma capacidade de investimento muito grande, com uma saúde financeira significativa para quem assume uma nova gestão.

O outro Projeto que avaliamos é um Projeto também encaminhado por este Governo, mas que já responde às vontades e decisões políticas do novo Governo que assume no dia primeiro. É um Projeto que tem o nosso respeito e a nossa expectativa e terá a nossa oposição vigilante e o acompanhamento crítico. Nós não deixaremos de colaborar com a organização do Governo que se elegeu afirmando que daria continuidade a um projeto de 16 anos que teve muitos benefícios construídos para a Cidade, que afirmou que daria continuidade à participação popular, que daria continuidade à prioridade na área de políticas sociais, que o que estava bom continuaria. Se for essa a forma, nessa reorganização das Secretarias, que encontra o Governo Fogaça para, sim, cumprir suas promessas de campana, não será a Bancada do Partido dos Trabalhadores que impedirá essa organização. Estaremos votando e estaremos acompanhando; que essa nova organização sirva para que esta Cidade não tenha recuos, não tenha perdas na caminhada vitoriosa que vem fazendo em relação à qualidade de vida dos seus habitantes e o avanço em relação à democracia, à cidadania desta população e à inversão de prioridades, que têm permitido que mais e mais moradores e cidadãos tenham a sua vida mais digna. Agora, não será fácil para o Governo manter essa qualidade ou até mesmo superá-la, porque a herança que esses 16 anos deixam para este Governo é uma herança muito positiva, é uma herança que vai exigir deste Governo estar muito atento às necessidades da população, respeitar profundamente as decisões já tomadas. Nesse processo de Orçamento Participativo, mais de quatro mil obras foram definidas e 80% delas estão realizadas. Estão em andamento, hoje, quase 500 obras e programas, e o Governo Fogaça não terá justificativa para dizer que não poderá concluí-las. Financiamentos estão contratados para terminar o Projeto Entrada da Cidade, com mais de três mil moradias, mais de 400 delas já realizadas; iniciativas que só têm de continuar para viabilizar o Hospital da Restinga; a Farmácia Popular, logo em março; inaugurações de obras da 3ª Perimetral; obras licitadas ou em licitação que resolvem problemas de alagamento no 4º Distrito, que indicam a construção de viadutos ou passagem de nível na 3ª Perimetral; moradias populares em construção, como no bairro Azenha, a serem entregues no próximo semestre. Poderia aqui citar um rol de obras em andamento ou contratadas, ou acordos para financiamento em andamento que viabilizarão as obras ainda não realizadas, mas decididas pela cidadania. Portanto, a nossa Bancada, assim como a cidade de Porto Alegre, não aceitará justificativas de que não é possível realizá-las; o Orçamento indica a possibilidade de continuar realizando as obras decididas pela Cidade, os contratos, os convênios realizados indicam essa possibilidade; a Cidade tem uma herança muito positiva, e o novo Governo deverá estar à altura.

Registro também aqui que nós vamos sentir muito a falta dos companheiros Guilherme Barbosa, Gerson Almeida, Carlos Pestana, Helena Bonumá e Renato Guimarães. Aprendemos muito com eles; nós, que somos da primeira Legislatura, aprendemos muito com a sua militância, com a sua experiência, com a sua qualidade de intervenção, de capacidade de diálogo, com o compromisso demonstrado com o Programa do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, na militância e na campanha. Uma eleição não é necessariamente justa, uma eleição faz escolhas que independem da nossa luta e da nossa vontade, muitas vezes, mas esses companheiros deixam um legado importante, e esta Bancada estará à altura deles, e nós queremos continuar com eles na militância, construindo um projeto que dá sentido às nossas vidas e sentido a fazer política.

Fazemos esse registro, desejando um futuro feliz, um 2005 feliz, e que a gente possa estar contando, todos juntos, com esta Bancada, porque a cidade de Porto Alegre, quase 50% da cidade de Porto Alegre, votou num projeto, a outra parte votou na continuidade desse projeto, e nós estaremos à altura dessa votação.

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu aproveito este momento em que as lideranças da Casa estão homenageando a nossa Presidenta, Verª Margarete Moraes, com palavras elogiosas, para também dizer que nós, do PSDB, reverenciamos o trabalho executado por V. Exª, que foi, realmente, de ótima qualidade, e eu acredito que V. Exª seguiu uma tradição aqui desta Casa de muita seriedade, de muita competência, visando ao engrandecimento do nosso Legislativo. Acho que isso tem de ser buscado por todos os Srs. Vereadores.

Eu ouvi a Verª Sofia Cavedon fazendo aqui uma série de elogios à Administração que termina, dizendo, Ver. Cassiá – V. Exª que vai ser o Secretário da SMOV –, que a próxima Administração não terá problema nenhum; é só seguir aquilo que já está traçado, e vocês, da Administração futura, vão ser absolutamente vitoriosos.

Eu não consigo entender por que esta Administração, que está completando 16 anos à frente do Executivo Municipal, não conseguiu resolver alguns problemas que são cruciais - e que eu espero que o futuro Governo possa realmente resolvê-los. Por exemplo, aquela área, Ver. João Dib, do Cais do Porto; nós, aqui, várias vezes, assistimos a vídeos, palestras a respeito de projetos, a respeito de possibilidades de convênios entre o Governo Estadual e o Governo Municipal, para que aquela área pudesse transformar-se numa área turística, aqui em Porto Alegre, num foco de desenvolvimento para aquela Região Central. E o que nós vimos durante todo esse tempo? Apenas impedimentos, principalmente colocados pelo Governo Municipal, que não permitiu, de forma nenhuma, que aquela área da Cidade pudesse transformar-se numa área de atração de turistas para a nossa Cidade, uma área que pudesse atrair divisas para o nosso Orçamento. Eu espero que o Governo Fogaça possa implementar uma política, e, em consonância com o Governo Rigotto e com o Governo Lula, possa fazer com que aquela área da nossa Cidade possa ser tudo aquilo que nós gostaríamos que ela fosse. Hoje o que nós temos ali? O Museu de Arte Contemporânea, que está brigando para poder aplicar recursos para modificar o Barracão 6, ou então o outro barracão ali do Cais do Porto, a fim de que ele possa fazer ali as exposições necessárias; hoje, ele está precariamente instalado. E sabe por que, Vereadora Sofia Cavedon? Porque o Governo Municipal não trabalha no sentido de fazer com que o Museu de Arte Contemporânea possa ali se estabelecer de forma definitiva. Ora, então isso eu espero ver modificado no Governo Rigotto.

Hoje não está presente, mas vem aqui para assumir uma dessas cadeiras da nossa Câmara de Vereadores o Ver. Adeli Sell. E eu vi, por muito tempo, o Ver. Adeli Sell, com os seus fiscais, perseguindo camelôs por toda a Cidade, os fiscais batendo em camelôs, aquelas brigas horríveis que aconteciam no Centro da Cidade, e nada foi resolvido. A área central da nossa Cidade é uma balbúrdia, infelizmente. Em 16 anos, Ver. João Dib, esta Administração não conseguiu fazer absolutamente nada pela área central aqui em nossa Cidade. Aquela Rua 24 Horas, sobre a qual se fez muitos discursos, elogiando que ela seria um marco de um novo modo de se enxergar o Centro da Cidade, ora, não se viu nada, aquilo se transformou num mictório apenas, e ninguém mais falou nada. Sobre o dinheiro que foi gasto ali, sobre aquilo que foi feito pelos empresários daquela região, nada mais foi falado. Todo mundo ficou absolutamente quieto. Então, essas falhas da Administração que agora termina, no final deste mês, no final deste ano, eu quero ver corrigidas, se Deus quiser, na futura Administração. Eu acredito muito no Governo do Fogaça. Acredito muito que ele vai trazer realmente novos rumos para a nossa Cidade. Agora, ao contrário do que falou a Vereadora Sofia Cavedon, ele vai ter muito trabalho, porque houve muita desadministração nesses 16 anos, houve muito personalismo nesses 16 anos, houve quase que uma ditadura imposta em nossa Cidade nesses 16 anos; eu espero que haja agora mais democracia. E que lá, na Secretaria de Administração, a gente possa ser recebido pelo Secretário, que a gente possa dialogar com os Secretários, e não como muitas vezes aconteceu – exceção feita, como sempre digo, ao Ver. Guilherme Barbosa, que, quando esteve na SMOV, foi um gentleman e sempre procurou nos atender da melhor forma possível. Mas a maioria dos Secretários procurava afugentar os Vereadores, para não haver diálogo, de forma nenhuma, e não dividir com os Vereadores a solução de alguns problemas desta Cidade.

Espero que a futura administração seja diferente. É isso que esperamos, para que possamos ajudar, todos juntos, a criar uma nova sociedade e a desenvolver mais a nossa Porto Alegre, que todos nós amamos. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Solicito ao Presidente da CCJ, Ver. Reginaldo Pujol, que faça a chamada das demais Comissões – CEFOR, CEDECONDH, CUTHAB – para emitir Parecer sobre os dois Projetos que já estão com as três Sessões de Pauta vencidas.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h59min.)

 

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